segunda-feira, 19 de outubro de 2009

Trabalho 1 - Síntese de artigos científicos

“E-LEARNING: REFLEXÕES EM TORNO DO CONCEITO" (AUTOR: MARIA JOÃO GOMES)


(Síntese realizada por Adelaide Galo, Belmira Pereira e Daniela Adrêgo)


Neste artigo, Maria José Gomes propõe uma clarificação do termo “e-learning”, por comparação e diferenciação com outros contextos e expressões a ele associados, como “Educação a Distância”, ao posicionar correctamente a importância da tecnologia nessa modalidade de ensino. Procura colmatar alguma falta de clareza e desvios à volta do conceito de “e-learning” e salienta que este corresponde a uma nova realidade com contexto, objectivos e formas de exploração próprias, ainda que se sobreponha, em alguns aspectos, às realidades existentes de ensino que recorrem às TIC.

Para tal, e ressalvando a importância de contextualizar as definições no domínio da educação para um maior rigor, considera-se a existência de diferentes tipos de definições, as “definições científicas” e as “definições gerais” (Israel Scheffer, referenciado por Keegan 1996: 39-40).
“Definições científicas” são aquelas que se baseiam em conhecimento específico, de forma a construir uma rede teórica que sustente todo a informação e factos associados à mesma.
As “definições gerais”, onde a autora insere a definição de “e-learning”, enquadram-se no pressuposto de que um determinado termo deve ser entendido de determinada forma num contexto de debate, podendo estas ser estipulativas (um determinado termo deve ser considerado equivalente a outro, dentro do mesmo contexto), descritivas (uma convenção de uso no âmbito de um debate, mas também define o termo, clarificando outros usos do mesmo) e programáticas (a qual procura incluir outros termos ou ideias dentro do conceito em causa e/ou excluir outros que anteriormente foram englobados no mesmo).

Neste intuito de balizar conceitos, começa-se por enquadrar a utilização das TIC na educação e, mais especificamente, na educação a distância e no e-learning.

Na educação, é de referir que a utilização das TIC assume grande importância, de modo mais comum em sala de aula, como suporte às exposições do professor, sendo este ambiente designado pela autora como “ensino presencial com recurso a tecnologias”. A utilização das TIC também pode ser contextualizada em espaços e momentos de auto-estudo, com recurso a suportes de áudio e vídeo, assim como também na difusão on-line de programas, sumários de aulas, apresentações electrónicas feitas em sala de aula, acesso a fóruns de discussão, sendo considerada esta última situação como uma “extensão virtual da sala de aula presencial”.

Mesmo na educação a distância, as tecnologias têm um papel significativo, mas o conceito de “e-learning” não se reduz apenas na utilização destes recursos para difusão de conteúdos pedagógicos. Isto é, não será a utilização de tecnologia, como o recurso a CDRom ou outros suportes digitais, ou a utilização de tecnologia e serviços associados à Internet, o que faz de uma situação de ensino/aprendizagem uma situação de e-learning, como é advogado pelas teorias que definem “e-learning” com base no elemento “electrónico”, o “E”, em vez de no elemento “Learning”.

A autora admite considerar o e-learning uma modalidade de ensino a distância cooperativo, interactivo, colaborativo, tendo em conta a evolução da educação a distância, desde o ensino por correspondência, onde os documentos impressos eram o meio utilizado para distribuir conteúdos através de correio postal, até aos nossos dias, em que os conteúdos são distribuídos em redes telemáticas (Internet) e se utilizam serviços que permitem comunicação síncrona ou assíncrona, individual ou em grupo (como o correio electrónico, chats, fóruns de discussão, áudio e vídeo-conferência).
No entanto, ressalva que é redutor perspectivá-lo apenas e só como uma modalidade de ensino a distância. Isto porque há situações de e-learning que não entram no âmbito de uma situação de educação a distância, como o apoio tutorial online, cuja complementaridade terá mais ou menos peso conforme o carácter presencial possa ser maior ou menor. Neste contexto enquadram-se os modelos de formação mistos, com um componente de formação online e um componente presencial, designados de “blended-learning”.

Assim também, o e-learning pode ser considerado um modelo de formação a distância, mas não é sinónimo deste por, numa perspectiva inversa, existirem, como parece mais evidente, muitos cenários de ensino a distância que não cabem dentro do conceito de e-learning, pelo que não podemos afirmar que este conceito é mais amplo que o de educação a distância.

O crescente desenvolvimento tecnológico e, consequentemente, o progresso da sociedade implicam a necessidade de elaboração de sistemas mais complexos de ensino, para acompanhamento das exigências do mundo moderno. Sendo assim, o indivíduo terá que fazer várias actualizações ao longo da sua vida, mas em contrapartida dispõe de cada vez menos tempo para métodos formais de ensino.

É neste contexto que a educação a distância e o e-learning assumem um papel de destaque para o desenvolvimento e consolidação de conhecimentos do indivíduo e para que seja possível a ultrapassagem de eventuais constrangimentos ou obstáculos no tempo e espaço disponíveis.

A mais-valia do e-learning prender-se-á com as possibilidades geradas pelo uso da Internet e dos serviços www, decorrentes da sua facilidade de acesso, rapidez, diversidade e possibilidade de colaboração, ou seja, pela facilidade de acesso à informação independentemente do momento temporal e espaço físico, pela rapidez publicação, distribuição e actualização de conteúdos, pela diversidade de ferramentas e serviços de comunicação e colaboração entre todos os intervenientes no processo de ensino-aprendizagem.

Assim, o e-learning é apresentado como uma modalidade de ensino tecnologicamente suportado pela Internet e serviços www, e que, pedagogicamente, centrando-se aqui a sua razão de existência, promove a interacção, síncrona e assíncrona, entre formador–formando e formando–formandos, numa aprendizagem colaborativa, na medida em que, não só os conteúdos disponibilizados são construídos especificamente para ambientes de aprendizagem em rede, como também as estratégias de trabalho adoptadas são pensadas para um ambiente colaborativo e cooperativo, o que constitui uma inovação no âmbito do ensino a distância.

Em conclusão, baseada nas ideias de Peterson, Morastica e Callahan (“What The “e” Is about”, 1999; citados em LeranFrame, 2000, “Facts Figures and Forces Behind e-Learning”), é salientado que o e-learning potencia a Exploração de grande quantidade de recursos disponíveis na Internet, a partilha de Experiências entre os participantes do processo, o Envolvimento associado à participação num espaço virtual, e o incentivo a uma atitude Empreendorista do formando, fomentado por uma relação Empática com a utilização da Internet como tecnologia de suporte.

Ao invés das abordagens que consideram o “E” de “e-learning” associado ao elemento electrónico, verifica-se que aquele se aproxima muito mais do “E” de “Extended Learning”, ao alargar (“extend”) uma experiência envolvente de aprendizagem dos alunos/empreendedores.